Como fazer seu filho experimentar batata-doce
Como fazer seu filho experimentar batata-doce
Você não precisa ser rato de academia pra ser fã da batata-doce. Muito antes dessa moda de levar a marmita de batata-doce para o “pós-treino”, “pré-treino” ou só pra se sentir enturmada com a turma da musculação, esse tubérculo já era estimado pelas nossas vozinhas, com muita razão. Aliás, cá entre nós, eu prefiro guardar minha porção pra me deliciar refogada no almoço, como minha vó preparava, e tomar um café com uma amiga como “pré-treino” (não por questões nutricionais, mas para ter um bom motivo pra botar o papo em dia).
Apesar de ser um carboidrato (palavra que, hoje em dia, parece ter virado quase um xingamento para os adeptos das dietas radicais), a batata-doce ajuda no controle do açúcar no sangue e é muito útil na reconstrução dos músculos depois do exercício. Apesar de poder parecer exótica para as crianças que não estão acostumadas, tem um sabor adocicado que pode conquistar seu filho. Minha pequena pegou esses dias uma garfada de batata numa moqueca capixaba e disse, desapontada: “Ah, não é batata-doce!”. E olha que eu juro que ela nunca pisou numa sala de musculação…
Mas, como fazer a queridinha dos esportistas competir por um espaço no prato das crianças contra aquele buquê de batatas fritas das redes de fast food? Pra começar, vale lembrar que, para aquela caixinha de batatas perfeitas e crocantes virarem aquele deleite para os olhos e para o paladar, muita coisa teve que ser feita, não necessariamente o melhor para a saúde de seu filho. Como elas devem seguir um padrão de tamanho para formarem aquele leque, é usado um tipo específico de batata, que tende a desenvolver uma certa praga que atrapalha a coloração. Para evitar esse problema, a quantidade de agrotóxicos é tão grande que as batatas têm que passar por um período de “quarentena” para que o veneno disperse no ar um pouco, antes que os trabalhadores possam manuseá-las em segurança. Depois,elas são cortadas e recebem uma generosa quantidade de gordura vegetal hidrogenada para ajudar na crocância e na conservação, o que acaba ajudando também a entupir muitas artérias por aí. Além disso, uma batata frita, que deveria ter somente três ingredientes (batata, óleo e sal) acaba virando uma preparação com inacreditáveis dezenove ingredientes, a maioria com nomes enormes e quase impronunciáveis. Somando todos esses aspectos, fica mais fácil comparar os competidores: “no corner direito, de calção vermelho e amarelo, com dezenove ingredientes e um potencial para desenvolver doenças e viciar o paladar, a batata-frita industrializada. No corner esquerdo, de calção de praia sem slogam nem patrocinador, com um potencial de combater doenças, aprimorar os músculos e o sistema imunológico, a desafiante caseira, a bataaaaaaaata-doceeeeeeee!!”
Pra fazer a desafiante lutar contra toda uma rede de fast food, você vai precisar de uma estratégia, já que pais não costumam ter um departamento de marketing a seu dispor. Aqui vai uma que pode ser útil, afinal, nós também podemos conquistar nossa fatia do mercado, mesmo sem brinquedinho de super-herói de brinde. Fatie a batata-doce no ralador reto (aquela parte que faz fatias finíssimas, tipo chips). Unte a forma com azeite e salpique sal por cima, com as fatias colocadas de forma que não fiquem umas sobre as outras, mas ocupem toda a assadeira. Coloque no forno pré-aquecido até virarem chips. Na hora de comer, façam um concurso para ver quem encontra a batata mais barulhenta. Você tem que dar aquela mordida no meio da batata e fazer aquele barulhinho, e seus filhos fazem o mesmo. “Uau, essa sua foi a mais barulhenta! Vamos ver se eu encontro outra barulhenta também!”. Essa brincadeira funciona com outras coisas crocantes (não vá desperdiçar a técnica com batata-frita de saquinho, pelo amor de Deus!), mas não dá muito certo em restaurantes refinados ou em casa de pessoas com muito amor pelos bons modos à mesa.