Antes eu que lia…
Antes eu que lia. Eu escolhia quais livrinhos iam estimular o que na educação deles. E reclamava, cansada, no fim do dia, pra ela deitar quieta pra ouvir a história logo, pra eu poder dormir também.
Antes eu que levava ele pra pedalar, pra tirar a rodinha da bike (o que me rendeu muita dor na coluna, por sinal!). Eu que escolhia os caminhos sem carros, sem buracos, e ficava morta de segurar a bike com a mais nova na mochilinha nas costas.
Agora ela lê pra mim, orgulhosa da fluência, e pensando em como isso vai ajudá-la na profissão de atriz. Agora ele pedala sozinho no condomínio, e na rua com o pai, e meu peito fica apertado de angústia de imaginar os carros, os buracos e as inúmeras pedras no caminho (literal e metaforicamente).
Dizem que para os filhos a gente tem que dar raízes e asas. E eu achava que as raízes eram o mais difícil! Quanta inocência… Cada peninha dessas asas crescendo é um renascimento dessa mãe aqui. Sim, porque eles tem que se acostumar com as asinhas e nós, com seus voos solo.